sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Xícara cheia

O mestre e seu discípulo estavam caminhando. O mestre aproveitava a oportunidade e tentava passar alguns ensinamentos ao discípulo.
Numa determinada etapa da conversa o discípulo estava encontrando dificuldades em assimilar o que o mestre estava tentando lhe passar.
Então o mestre sugeriu que eles voltassem ao templo, pois ele queria tomar chá.
Chegando ao templo o mestre solicitou ao discípulo que preparasse um bule de chá.
O discípulo, prestativo, foi preparar o chá.
Voltou com o chá pronto, no bule, e as xícaras. Imediatamente serviu o mestre...
Mas para surpresa do discípulo, quando este estava para encher a sua própria xícara, o mestre solicitou que ele voltasse e colocasse mais chá na xícara do mestre.
Ao que o discípulo argüiu:
- "Mas a sua xícara já está cheia!"
O mestre, impávido, confirma:
- "Por favor, coloque mais chá em minha xícara!"
Nova argumentação do discípulo, nova confirmação do mestre.
O chá começa a transbordar para a bandeja, e o discípulo para...
O mestre insiste em sua solicitação: que quer que ele continue a colocar chá em sua xícara. O chá escorre pela bandeja e, desta, ao chão.
O bule fica vazio.
O mestre, então, indaga o discípulo:
- "O que você aprendeu com isto?"
O discípulo diz que nada, pois ele já sabia que o chá iria escorrer para a bandeja e para o chão.
O mestre retruca:
- "O ensinamento que isto nos traz é que para caber mais chá na xícara, a xícara precisa estar um pouco vazia. Em xícara cheia não cabe mais chá."
E continuou:
- "Assim também somos nós!"
E complementou:
- "Assim é a nossa cabeça. Quando achamos que sabemos tudo, quando temos muitas certezas, quando a nossa cabeça está totalmente cheia de verdades, então a nossa cabeça não tem espaço para mais nada, novos ensinamentos e percepções não conseguem chegar."
Concluindo:
- "É necessário ter permanentemente a nossa cabeça um pouco vazia para poder apreender as mudanças da realidade que nos cerca, sob o risco de nos divorciarmos da realidade."
O discípulo começou a entender. O mestre seguiu:
- "As nossas certezas vêm do que vivemos no passado. Mas o passado já passou, e o que acontece hoje não pode ser interpretado à luz do passado. Isso seria o mesmo que caminhar em uma noite escura, para frente, em um caminho desconhecido, com uma vela acesa às nossas costas, iluminado o caminho já percorrido.
E finalizou:
- "Relaxe e deixe sempre sua cabeça um pouco vazia para apreender o que o mundo lhe oferta de novidades e oportunidades."

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